o que o hexagrama 36 do I Ching tem a dizer sobre o governo do Brasil?

A primeira vez que ouvi falar do I Ching O Livro das Mutações, foi a partir da obra do compositor americano John Cage. Sua peça, Music of Changes, se utilizava do milenar livro chinês para compor uma peça musical inteiramente feita através do acaso. Era interessante notar como, neste caso, o vanguardista americano recorria à sabedoria oriental para elaborar uma obra musical neodadaísta, a partir de uma montagem caótica.

Acho que isso foi o suficiente pra atiçar minha curiosidade a respeito do I Ching. Afinal, o que era este livro? De onde vinha? Pra que servia?

Grosso modo, trata-se de um livro voltado para adivinhações, e foi escrito há mais ou menos 2.500 anos. É o livro mais antigo e mais conhecido da literatura antiga da China. Seu uso se popularizou por volta do século VIII a.C (quando imagina-se que tenha alcançado o formato atual), nas mãos dos membros da corte, eruditos, e cleromantes. Ao longo de sua existência, foi interpretado pelas vias do taoísmo, do confucionismo e do budismo, e, na mesma medida, esteve sujeito às influências de todas estas correntes filosóficas. Em outras palavras: a importância histórica e cultural do I Ching é inestimável.

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bolsonaro

Bolsonaro ouve John Coltrane.

Bolsonaro já brincou de passa-o-anel.

Bolsonaro já fez carinho em gatos.

O deputado Jair Messias Bolsonaro já riu assistindo o Pernalonga.

O Bolsonaro gosta de pimenta.

O Bolsonaro já mediu seu pinto com o de outro homem.

Bolsonaro jogava de volante.

Bolsonaro entra no banho primeiro com os pés e depois com o restante do corpo.

O candidato Jair Bolsonaro faz yoga.

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confissões de um homem ansioso

As Forças Armadas do Brasil têm me tirado o sono.

Não é algo que tenha a ver com a maldita intervenção no estado do Rio de Janeiro, não.  Nada que ver com criancinhas revistadas na entrada da escola e as pobres famílias da favela sendo oprimidas por uma ocupação provavelmente mais desastrada que a cavalaria francesa na batalha de Azincourt (sim, sou fissurado por história militar e, aviso ao leitor, este texto é cheio de referências a isso).

Sofro de ansiedade e insônia. Eis a razão de minha insônia, e o estopim das minhas crises de ansiedade: o sucateamento das corporações militares brasileiras, e a sua inoperância em caso de uma possível invasão estrangeira.

É, para mim, extremamente doloroso escrever estas palavras, abordar o assunto de frente e sem pestanejar, e quando penso na inabilidade geral de nossos combatentes dentro das situações hipotéticas que venho imaginando para eles, chego mesmo a sentir palpitações no coração.

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negociações de guerra

– Senhor presidente, com a sua licença.

– Pois não?

– O emissário estrangeiro já está aí fora.

– Mande-o entrar, porra.

Entra o emissário.

– Muito prazer, senhor presidente.

– Sente-se, fique à vontade, por favor.

– Muito obrigado, senhor presidente. Vossa cordialidade será lembrada.

– É uma honra! Uma honra tê-lo aqui conosco. Estive no aguardo, muito ansiosamente.

– Desculpe-me a demora, senhor, mas aconteceram imprevistos…

– Sem necessidade de desculpas, meu caro emissário! Eu entendo plenamente. As estradas estão mesmo muito complicadas nesta época do ano.

– Não tenho como saber, senhor. Eu viajei de helicóptero.

– O caos aéreo, eu diria, muito pior! Deve ter sido um martírio!

– Já fiz viagens piores, senhor. Não tenho do que reclamar, na verdade.

– Pois bem, pois bem. Estou muito contente que tenha chegado. Muito já foi falado, muito já foi conversado entre nossas nações, mas finalmente temos a oportunidade de falar diretamente, face a face, tete-a-tete, o que é muito melhor. Não acha?

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o deus-verme e o impítima

Fator universal do transformismo.
Filho da teleológica matéria,
Na superabundância ou na miséria,
Verme – é o seu nome obscuro de batismo.

Jamais emprega o acérrimo exorcismo
Em sua diária ocupação funérea,
E vive em conturbérnio com a bactéria,
Livre das roupas do antropomorfismo.

Almoça a podridão das drupas agras,
Janta hidrópicos, rói vísceras magras
E dos defuntos novos incha a mão…

Ah! Para ele é que a carne podre fica,
E no inventário da matéria rica
Cabe aos seus filhos a maior porção!

Augusto dos Anjos

Preparando-se para a maratona televisiva, Maykon, vestido com a usual bermuda de depois do almoço, começa a expelir pelo bóga os primeiros gases que a feijoada de hoje vem forjando desde a ingestão, nos lençóis freáticos do cuecão.

O controle remoto numa mão e o baseado na outra e o isqueiro na outra, pois que Maykon é um marmanjo com três mãos, ele prolonga um suspiro cansado, de dever cumprido. Sem contestar qualquer arroto, uma sacolejada saborosa, como que couve com farofa, sobe-lhe à garganta só pra ser mandada de volta pelo esôfago.

Há uma maratona televisiva pela frente. Um programa sem intervalos nem comerciais. Sem cortes, com a prometida duração de, pelo menos, oito horas. Sem replays, nem narradores obsoletos. Sem comentaristas folgados, nem ex-atletas sendo salvos do ostracismo.

Maykon acompanha, em tempo real, os comentários e as piadas que seus amigos soltam pela rede e compartilham pela rede. 

Maykon acredita que está se divertindo muito mais que todos eles. Acredita que está diante do entretenimento mais prenhe de sentido em toda a História do Brasil (com H e B maiúsculos).

Mais do que a Copa do Mundo de futebol de 1970, por exemplo.

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por uma direita esquerda

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A Última e Mais Completa Crítica Social já se encontra disponível para ser compartilhada entre os povos.

A cada Semana uma Crítica mais terminal, uma Análise mais nocauteante que a anterior.

Ninguém se arrepende em esperar. Quem discorda ou concorda, todos saem ganhando.

Ninguém é salvo pelo gongo.

São milhares de acessos por hora.

Os apostadores apostam em quem vai chegar primeiro à Linha de Chegada: se o Modelo Explicativo, ou a Realidade Vivenciada. Os apocalípticos ou o Apocalipse.

Empates são raros.

Pelo bem geral da Nação, proibiremos os cidadãos de possuírem opiniões.

Queremos evitar as disputas por significados.

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O Feminismo e a Agenda Reptiliana

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Verdades e Segredos do Sétimo Círculo

É provável que quando esta mensagem chegar até vocês eu já tenha sido morto ou capturado por Eles. Sei de coisas que Eles não querem que vocês saibam. Consegui coletar informações importantes e preciosas nas últimas semanas, e, juntando os pontos, percebi que o que está em jogo no nosso planeta e, precisamente, no Brasil, é uma série de grandes e sinistros complôs atuando para a auto-destruição da Humanidade e de toda a Quinta Dimensão da Realidade.

É extremamente necessário que esse texto seja compartilhado nas redes sociais e afins, para que triunfe a Verdade e o Bem prevaleça neste Mundo. Eles devem ser detidos a tempo! As peças do tabuleiro já estão todas nos seus devidos lugares. Tudo passará despercebido da Grande Massa, então é necessário que uma grande campanha de Conscientização Cósmica se inicie. 

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Um feriado para os que querem continuar trabalhando

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Antes a manifestação tivesse sido confundida com um carnaval. Da próxima vez, professores, tragam mulatas seminuas na frente, que aí os policiais baixarão as escopetas. Um carro alegórico até que não será de mau uso. Adoraria ver uma ala de baianas formadas pelas históricas tiazinhas gordas que habitam as repartições públicas. Todos vestindo vermelho e dourado.

Quesito: pureza ideológica.

Nota: 8.3

O carnavalesco diz que agora é feriado, dia 1 de Maio. Data que remete a uma ação comunista ocorrida há mais de século. Os vermelhos estavam, como durante muito tempo costumaram estar, do lado dos que exigiam. Manifestações respondidas com violência, mortes, greves. Com exceção das mortes, foi o mesmo espetáculo que Beto Richa, século depois, quis dar. Que a posteridade guarde o seu nome, e o daqueles que o apoiam dentro ou fora das fronteiras do Paraná. Mas e o feriado?

Não dá pra disparar balas de borracha num feriado. Só dá pra aproveitá-lo, fazendo brotar em nós aquilo que Eneida Orides chamou de enferiamento da alma. Imagino trupes de homens de terno e gangues de secretárias sentados no colo uns dos outros, assinando acordos evasivos de maneira perfunctória, de olho apenas nas poupanças que se afundam em sofás que cheiram a whisky e prostituição de luxo.

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A Era das Apontações de Dedo

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A Era das Apontações de Dedo

Está vendo aquela ribanceira ali? Bem no meio do gráfico? Foi ali que nascemos, nas encostas de um buraco, uma curva demográfica que nunca vai descer. Nunca vai descer. Até chegar à lua, e daí galgar escalas mais astronômicas. O Papa Francisco é um bundão em não convocar os cristãos para a Guerra Santa contra os muçulmanos. Quem impede? Um amigo me disse que o Papa, sabendo ser o último cristão, deverá manter a humildade, como é recomendado que o façamos em tempos apocalípticos. Novos eões, mais complicados, nos aguardam. Uma era em que se possa queimar livros à vontade, sem que se sinta a falta deles.

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Estamos por aí

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Estamos Por Aí

– Pois saiba que esse é meu direito. É minha opinião.

Mas será que é tua mesmo?

– Bandido bom…

– Não! Nem precisa terminar! Bandido bom… eu nem quero saber!

– Deixa ele terminar, porra, e se rolasse um plottwist no meio da frase?

Não preciso terminar porque vocês já sabem, mas fingem que não querem saber.

– Por que eu iria fingir ter uma opinião que não tenho?

Eu faço isso o tempo todo. Dá licença?

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