ocultas técnicas de reorientação sexual adaptada

 

Eu já sabia que era viado muito antes de dar o primeiro beijo.

Desde pequeno eu ficava olhando pras mãos calejadas dos homens mais velhos, e pros ombros dos rapazes na puberdade. Ombros largos, eu gostava. Quando fiquei mais velho, passei a procurar por mãos com anéis de noivado. Dependendo das mãos, eu ficava de pau duro só de ver uma aliança ali no meio.

Trocar de roupa no meio de uma turma de meninos foi, de longe, o evento mais regozijante de toda a minha tediosa pré-adolescência cristã. Lembro-me de cada uma das vezes em que tive a oportunidade de compartilhar do vestiário com os meus colegas que jamais souberam de meu interesse pelas suas partes pudendas e demais zonas corporais visitadas pelo olhar de meu recatado interesse erótico. Eu ficava tímido, mas prestava atenção em tudo pra poder me lembrar bem depois. Olhava pros volumes nas cuecas.

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como reconhecer os sinais de morte

“Segue-se agora a apresentação de diversos sinais de morte. Quer estejas doente, quer são:
Se não conseguires enxergar com os olhos a ponta do nariz, poderás morrer ao fim de cinco meses.
Se não conseguires enxergar a ponta da língua,
poderás morrer ao fim de três dias mesmo que não estejas doente.
Se, olhando para a superfície de um espelho brilhante, não conseguires enxergar com o olho esquerdo, poderás morrer ao fim de sete meses.
Em geral, quando se respira na palma de mão de bem perto, sente-se o calor, e quando se faz o mesmo de longe, sente-se frio.
Se, porém, essas sensações se inverterem, deves saber que poderás morrer ao fim de dez dias.
Se, procurando teu reflexo numa vasilha cheia de água, não vires reflexo, nem imagem, nem nada semelhante, também isto é sinal de morte.
Se, ao tomares banho, a água não pegar a área do teu corpo em volta do coração, ou se a água secar rapidamente em volta do coração, isto pode ser indício de morte.
Afirma-se também que, caso um estalar de dedos não emita som, isto pode ser indício de morte;
E, se os tornozelos se mostrarem saltados das pernas, diz-se que poderás morrer ao fim de um mês.”



(Bardo Thodol: O Livro Tibetano dos Mortos)

 

o nervo de haussmann

Sabemos que Sebastian Haussmann nasceu na Turíngia, na penúltima década do século XVI. Filho da união de um rico comerciante alemão com uma senhora italiana nascida no Vêneto, estudou medicina na Universidade de Pádua, onde foi aluno de Vesálio e de Girolamo Fabrizio.

O fascínio nele despertado pelas aulas dos anatomistas italianos foi o suficiente para que dedicasse o restante de sua carreira ao estudo do corpo humano. Ainda que saibamos pouco sobre sua vida, posto que além dos dois processos judiciais movidos contra ele o tempo só preservou algumas páginas de seu diário pessoal, não nos será difícil imaginá-lo à luz da liberdade intelectual da qual gozavam os estudantes daquela época, mergulhados na renascença esplendorosa da Sereníssima.

Entre a admiração pelas xilogravuras do grandioso volume De Humani Corporis Fabrica e a veneração por uma antiguidade povoada pelas pinturas de seus contemporâneos, Haussmann, pelo que consta em suas anotações, nutria uma profunda devoção pela figura e pela obra de Cláudio Galeno, e a imagem do médico ancestral vivissecando macacos e expondo suas grandiosas palestras sobre a higiene pessoal nos anfiteatros, na glória que deveria ter sido o mundo greco-romano, também motivava seus próprios sonhos pessoais de prestar um contributo à história da ciência e da medicina.

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