Estamos Por Aí
– Pois saiba que esse é meu direito. É minha opinião.
– Mas será que é tua mesmo?
– Bandido bom…
– Não! Nem precisa terminar! Bandido bom… eu nem quero saber!
– Deixa ele terminar, porra, e se rolasse um plottwist no meio da frase?
– Não preciso terminar porque vocês já sabem, mas fingem que não querem saber.
– Por que eu iria fingir ter uma opinião que não tenho?
– Eu faço isso o tempo todo. Dá licença?
– Você quer bandidos mortos para qual crime? Quer legislar agora? E negar a eles um direito fundamental? O de terem a pena cumprida segundo a Lei?, como todo mundo.
– Agora vocês vem me falar em Lei? Justamente você?! São bandidos! E essa é minha opinião, ora essa! Vai o quê?, vai me censurar?
– Não se esconda atrás da tua opinião. Parece que as gentes recorrem a esse direito sempre quando estão acuadas e já não conseguem mais sustentá-las.
– Além do que, tu quer recorrer ao teu direito de livre opinião pra poder diminuir com o direito dos outros?
– Dos bandidos! Não do cidadão de bem!
– Serão os policiais aqueles que deverão levar adiante o cumprimento desta pena capital? Tal como aquele filme estrelado por Stallone e aquele verso dito por Augusto Dos Anjos: “delibera, e depois quer, e executa!”? E se houver inocentes?
– Ora essa, e as vossas senhorias irão agora defender os pobres bandidos?
– Não estou protegendo a eles. Estou protegendo a ti. Venha comigo. Não estou cobrando nada. E se você falar “bandido” mais uma vez, ficaremos por aqui.
– E você nunca seguiu a Lei à risca. Por que é que agora está falando nisso?
– Um caso é muito mais grave que o outro. Se o Estado não pode seguir a Lei, como é que vamos viver?
– Tem razão. Não podemos viver assim. Adeus! Será que alguém pode ser considerado louco apenas em decorrência das opiniões que expressa?
– Desculpe, mas eu não posso ficar perto de gente que tem esse tipo de argumento. Faça o favor de me excluir da sua playlist.
– Já estou acostumado com esse tipo. É aquele tipo que brada em nome das diferenças só pra poder inventá-las.
– Eu as diferenças, e você as aparências!
– Diferença & Aparença – Eu não sei porque te amei assim.mp3.
– Vocês querem acabar com a família, com a tradição. Em nome do multiculturalismo.
– Você é que não quer ver que nada disso já não existe mais. Cagão.
– Não é? Eu também sempre achei pontos-corridos bem melhor.
– Diga o que quiser: suas revoluções são projetos falidos desde a teoria.
– Veja bem, Marx…
– Porra! O cara falou pra você dizer o que quisesse, e você disse isso? “Veja bem, Marx”?!
– Mas eu ia discordar dele, do Marx…
– E quem você pensa que é pra discordar de Marx?
– E quem VOCÊ pensa que é pra perguntar pra ELE quem ELE é caso ELE queira discordar do Marx?
– Nossa polícia é assassina, é a que mais mata, e estou vendo um entusiasta disso bem na minha frente.
– De frente, agora de perfil.
– Está matando pouco. Deviam é matar os caras certos. Aqueles que estão lá em Brasília.
– Aqueles que você colocou lá.
– Aqueles que você colocou lá!
– Dá pra comprar ingresso pra temporada inteira? Ou é um daqueles vale-cultura cuja bandeira não aceitam em lugar nenhum?
– Vocês estão preocupados com o que dizem os comediantes, os jornalistas. Querem regular a mídia, o casamento. Querem dar cada vez mais poder ao Estado. Deviam é se preocupar com os ladrões d’O Partido que sustentam.
– Não quero defender O Partido, mas, tecnicamente, segundo os índices, o Seu Partido é bem mais corrupto que O Partido.
– Os Índices Comprados Pel’O Partido.
– Estranho que O Partido não tenha me comprado ainda. Será que sabem que estou à venda?
– Vocês só confiam nos índices quando eles lhes dizem respeito.
– Assim como vocês!
– ÊÊ! Resposta errada. Tente novamente.
– Eu não quero saber. Discutir com você não leva a nada.
– Tô perdendo o meu tempo.
– Será que dá jogo se o time que estiver ganhando ficar com um a menos?
Sexo dos Anjos e o senso comum.