a sala dos professores

 

Desde que comecei a dar aulas nas escolas da prefeitura venho sendo levado a refletir sobre o potencial dramático do ambiente conhecido popularmente como “sala dos professores”. Posto que sou obrigado a frequentá-lo algumas vezes durante a semana, na chegada, na saída, e nos intervalos, a sua presença inexorável dentro do estabelecimento educacional tem sido cada vez mais alvo de reflexões de minha parte.  Há razões de sobra para que o consideremos, para além da escola, como uma instituição pública tradicional na qual é possível verificar uma variedade notável de comportamentos que encontram ali espaço pra se manifestarem.

Ao passo que dou aula em três escolas distintas, a configuração do humor coletivo, do estado de ânimos, do repertório de assuntos, do tom dos diálogos, são completamente diferentes entre elas. Ainda que seja difícil, se não impossível, apontar com precisão o lugar de onde se originam essas diferenças, a verdade é que tudo isso reincide sobre um único detalhe que transita entre o individual e o coletivo, o subjetivo e o intersubjetivo: a escolha a respeito daquilo que pensamos e, consequentemente, daquilo que falamos.

É necessário, aqui, tomar como objeto de raciocínio a força gravitacional que certos assuntos exercem sobre a atenção dos envolvidos.

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