budismo e marxismo

Me perguntaram recentemente se seria possível uma afinidade entre o projeto marxista dirigido a uma sociedade mais igualitária e uma suposta ética budista. Penso que não, devido às seguintes divergências:

A origem do sofrimento: o ponto de partida da ética budista é muito simples, e começa com uma única verdade incontestável: “o sofrimento existe”. Não tenho dúvidas de que os marxistas concordariam com isso, mas o diagnóstico parte de observações completamente distintas. Para os marxistas este sofrimento resulta de uma má distribuição das riquezas da sociedade. Para os budistas, ele é inerente à natureza da mente. Isso explicaria o sofrimento até daqueles que são ricos e possuem mais do que o suficiente para viverem bem – também explicaria o ímpeto quase que natural para a insatisfação, a inveja, a expectativa, e o apego às formas.

Continuar lendo

Diagnósticos

catch-22-quote

Se, no passado, a paranoia anticomunista justificou intervenções, hoje tal discurso não deixa de clamar por salvadores. Mas, se o comunismo, num cenário de 50 anos atrás, existia enquanto ameaça real, pertencente a um contexto de Guerra Fria, hoje, aquilo que os seus inimigos temem e atacam não é senão uma farsa. Aqueles que se opõem ao PT recorrem a motivos praticamente simétricos: os que enxergam no partido o germe da vontade comunista estão a ver uma caricatura de feições exageradas; os que o entendem como um veículo burguês que traiu suas bases operárias têm diante de si uma deformidade, uma anomalia.

Continuar lendo