As definições abaixo falam sobre o Amor:

 

 

eu sou o instinto de união;

eu sou a força primordial da qual se originaram a gravidade e o magnetismo;

eu sou a natureza que seduz o espírito;

eu sou a vibração numa superfície que até então permanecia parada;

eu sou resultado de milhares de anos de evolução e acumulo genético de experiências emocionais nascidas do contato entre os corpos, o toque, o carinho, e o envolvimento ao redor de si mesmos;

eu sou um estado de espírito;

eu sou um estado alterado de consciência;

eu sou a primavera em um olhar;

eu sou o mais inquestionável dos sentidos da vida;

eu sou uma caminhada que não cansa;

eu sou a inspiração que leva as pessoas a metaforizarem;

eu sou aquilo que não cabe devidamente nas palavras e por isso as força a dizerem mais do que de fato dizem;

eu sou o melhor ingrediente de uma boa história;

eu sou o melhor tempero de uma boa refeição;

eu sou o vínculo de uma melodia com o instante que ela rememora;

eu sou uma espécie de reencontro;

eu sou a sensação de que toda a vida se preparou para mim;

eu sou um ritmo cardíaco;

eu sou uma resposta buscada nas artes divinatórias;

eu sou uma devoção voluntária;

eu sou uma paleta de cores;

eu sou o Universo provando a si mesmo;

eu sou uma uma série de estímulos e respostas cadenciados em gestos e formas;

eu sou uma sensação física que migra de um lugar para outro no corpo;

eu sou o dom da telepatia e da levitação;

eu sou um refrão deploravelmente escrito, porém perdoável em seu significado;

eu sou o aprendizado a que se entregam os espíritos incorpóreos que perambulam pelo cosmo;

eu sou o espectro das terminações físicas da amizade;

eu sou um feitiço;

eu sou uma propensão inexplicável que não precisa ser ensinada, mas que pode se desenvolver e se ampliar ate o infinito;

eu sou a Terra à vista;

eu sou o desejo por muitas e outras vidas;

eu sou o lar;

eu sou uma condição biológica codificada e modificada pela cultura;

eu sou uma tarde tranquila;

eu sou o sono compartilhado e o sorriso de quem vê o outro acordar primeiro;

eu sou o trabalho humanitário;

eu sou os sonhos que teremos depois de mortos;

eu sou aquilo que não deveria faltar às religiões;

eu sou uma sensação de completude que gera dependência;

eu sou um espetáculo da natureza;

eu sou a adoção;

eu sou a realização final dos contos de fadas;

eu sou a alusão a qualquer coisa anterior e posterior à razão;

eu sou um vício e ao mesmo tempo a cura para outro vício;

eu sou ao mesmo tempo uma força e uma fraqueza;

eu sou a causa para uma declaração de guerra, e a motivação para um acordo de paz;

eu sou uma rota de colisão com o inevitável;

eu sou os ares de uns jardins distantes;

eu sou uma conspiração;

eu sou sujeito, objeto e predicado;

eu sou uma época da vida;

eu sou uma figura de linguagem;

eu sou um novo continente que pede pra ser explorado;

eu sou aquilo que de mais íntimo pode ser dito, e aquilo sobre o que mais vulgarmente se fala;

eu sou a vontade de não ser sozinho;

eu sou um adoecimento da lucidez;

eu sou uma questão familiar;

eu sou um peso na balança;

eu sou uma voz que não se cala;

eu sou uma distração do pensamento;

eu sou uma hipótese extraordinária;

eu sou um acontecimento que se distingue da profusão do cotidiano;

eu sou uma conjunção astral;

eu sou uma metamorfose;

eu sou uma correspondência ao longo das décadas;

eu sou aquilo que se confunde com a beleza;

eu sou uma luz sanguínea;

eu sou a fonte da juventude;

eu sou a causa de um milhão de decepções, ansiedades e suicídios;

eu sou um tipo de cegueira;

eu sou o prêmio de alguma competição implícita;

eu sou uma reação química;

eu sou a sublimação do prazer;

eu sou um objeto muito frágil;

eu sou uma complicação;

eu sou um achado na roda da fortuna;

eu sou o desígnio de alguns deuses;

eu sou uma planta que precisa de sol;

eu sou uma escolha arriscada;

eu sou algo que acaba ou que se fortalece ou que passa anos adormecido sem nem saber que existe;

eu sou a certeza de estar no caminho certo;

eu sou uma figuração singular na classe dos mamíferos;

eu sou a propaganda do que há de melhor na vida;

eu sou uma troca de olhares;

eu sou um substantivo e um verbo;

eu sou uma represa que transborda;

eu sou um vulcão que despertou;

eu sou a impossibilidade de uma ilha;

eu sou uma reminiscência das coisas divinas;

eu sou uma mistura entre o gosto e a dedicação;

eu sou uma arte;

eu sou o antes e o depois de um casamento;

eu sou, talvez, um evento localizado e muito restrito na grande história da humanidade;

eu sou um ideal e uma prática;

eu sou a proximidade e a distância;

eu sou a antecipação da saudade;

eu sou aquilo que instila os medrosos a possuírem, e os corajosos a libertarem;

eu sou um idioma com apenas dois falantes;

eu sou um acesso de riso que termina num suspiro;

eu sou o brilho das coisas translúcidas que começaram opacas;

eu sou o ninho;

eu sou um par de bochechas rosadas;

eu sou uma cena que quer continuar se repetindo;

eu sou um destino invejável;

eu sou uma irritação na pele;

eu sou as formas que os velhos lamentam terem mudado;

eu sou a vontade de submeter-se a uma prova pra provar um ponto;

eu sou uma fala agradável;

eu sou a simetria e a falsa simetria

eu sou uma falha no sistema;

eu sou um mito comprovado;

eu sou o elevador da alma;

eu sou a razão pra que celebrem;

eu sou uma cláusula num estilo de vida;

eu sou uma janela aberta;

eu sou uma impressão fixada no tecido conjuntivo;

eu sou um conjunto de sinestesias em uníssono;

eu sou uma viagem sem volta, e o principal motivo pra que se faça a viagem;

eu sou um caso típico;

eu sou um ato de criação;

sou aquele cujos sinais estão espalhados;

eu sou um pecado;

eu sou o perdão;

eu sou uma mãe.

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Imagem: Henri Rousseau, A Encantadora de Serpentes, 1907.