A TV no Mudo
Manhã cinzenta na sala da Capadócia. Neblina canábica sobre picos nevados. Lá pelas tantas, Djair diz para Kebab:
– Eu precisava falar com você, um negócio.
– Que negócio? – quis saber Kebab.
– Mas não se ofenda, ok? Eu sei que você sempre se ofende…
– Eu nunca me ofendo.
– E sempre que você se ofende, fica foda, e a gente termina discutindo a própria discussão, e enfim, não é isso, mas não se ofenda, certo? – não era um costume conversarem olhando um no olho do outro. O costume era ficarem sentados em seus respectivos lugares olhando para o teto.
– Quando foi que me ofendi? – perguntou Kebab.
– Não importa, não é sobre isso…
– Porque se você falou pra eu não me ofender, deve estar esperando que eu faça isso.
– Ã? – realmente não havia entendido, assim como também Kebab não entendeu o “Ã?” do amigo e imaginou que aquilo significasse algo como: “não seja idiota, parça”.